segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sobre a bomba relógio que é viver

Acordei cedo por causa da ressaca do dia anterior, da dor de barriga na madrugada, da solidão.
Liguei a cafeteira e recebi um beijo materno daqueles calorosos de quando tinha apenas oito anos; fiz uma viagem pra um tempo feliz sentado no vaso; lembrei de quando tinha uns sete, era comum os meninos até essa idade andarem pela casa somente de cueca, se chegasse visita não tinha importância, nessa idade não existe conotação sexual, o que existe é a comodidade de um menino que se conforta no sofá e mergulha a cara numa televisão de tubo assistindo desenhos animados. As perguntas recorrentes, "E ai, passou de ano?", "Você está em que série mesmo?", "Já está de férias?", e as respostas sempre eram as mesmas,"Passei direto", "Sou o aluno número um da turma", isso de fato era verdade, meu nome vinha antes do de todos na caderneta.
Dei descarga e ao levantar o rosto pra fazer a barba percebi que eu tenho uma cicatriz embaixo do queixo, essa é quase uma marca registrada dos meninos hiperativos de minha época.
Passei o barbeador amarelinho no rosto com mais força que o normal e me cortei, veio logo a lembrança de querer imitar o meu pai fazendo a barba sozinho no banheiro com uns cinco ou seis anos de idade, minha mãe enlouqueceu, "Meu filho quer ser homenzinho, tá querendo me deixar mais velha", "Filho, cada coisa em seu tempo", "Menino, que sangue é esse?!". E deixei escorrer o sangue que era, naquela hora, a única certeza de que ainda estou vivo, sentado, confortado e de cueca, mergulhado no final de mais um livro. Obrigado Rubem Braga.

Álisson Bonsuet.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Eu alheio

Entre cafés e espetáculos histéricos.
Entre em minha vida neste meio tempo.
Leva a chuva pra fora, arranque-a do peito.

Entre textos e lixos neste meu quarto.
Enxergo dois terços de mim em você.
Escrevo, não cala, sinto os ouvidos, erótica fala.

'A luz apaga'

Me cego se pego um poema de outra autoria.
Um daqueles que pareciam descrever você.

'A luz acaba'

Falavam dos olhos de lua da amada.
Dos lábios sutis, bochecha quase rosada.
Do cabelo negro, de branco e de índio.
Do banho e da noite, talvez foi comigo!

'Abre as janelas'

Agora sou eu quem cuida dela.
Essa poesia sincera, esse amor europeu.
Que sofre, que ama, pergunta e exclama:
- Quem me amou se o amor é todo teu?

Álisson Bonsuet.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Me sopra amor

Deixa eu sentar no teu sofá.
Contar uns dois segredos.
E quebrar aquele gelo só pra gente não brigar.

Deixa eu olhar teu brinco.
Brincar de ser adulto, sorrindo! Gemendo!
Correndo por teu sangue, pulsação do coração. 

Amor, não me deixa não.
Nem pense, pensar faz tão mal.
Vamos viver sem quarta feira neste eterno carnaval.

Passou hoje no jornal uma manchete de quinta que explicava uma simpatia:
- Hoje é dia de amar, tirar a naftalina do guarda-roupas, veste a melhor das faces loucas e morrerás de namorar.

Descalça sapato, tira a calça, tira o sutiã, amor, ta calor, vem cá.

Álisson Bonsuet.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Esteriotipando

Amanda nunca foi amada.
Robério nunca roubou nada.
Américo nasceu na Espanha.
Cornélio morreu sem namorar.
Maria Auxiliadora nem se ajudava direito.
Marinaldo nunca viu o mar e nunca foi porteiro.
Já Dandara, ah Dandara, essa era puta de carteira assinada!

Álisson Bonsuet



quinta-feira, 31 de outubro de 2013

És um assalto em mim

Seremos só amor de madrugada.
Ouvir gemidos, duas almas apaixonadas.
Seremos só amor o tempo inteiro
Domingo a noite, eu e você sem fazer nada.

E viveremos nisso, do sonho mais bonito.
Sem ser bandido, assalto a mão amada.
Quebrar retratos, te lembrar que és namorada.
E rir da peça, da paixão mais desastrada.

Álisson Bonsuet


domingo, 27 de outubro de 2013

Lua e Sol

Uma lenda de uns 10 minutos atrás, não tão diferente como a dor dos nossos pais, dizia que existia amor. Era o amor de um homem pela mulher, do garfo pela colher, do samba por uma cachaça qualquer, meio assim Tom Jobim... O homem morreu lua e a mulher morreu sol, ele sentia frio e ela virou lençol. Luan subia  e Solange ia pra outro canto, era difícil viver desse amor, a chuva era pranto, mas presta atenção! Amor fácil é chato, não precisa por no papel,  eles desafiavam tudo e se encontravam sem querer no mesmo céu!

Vi a lua e sol no mesmo céu... (Frase da banda Forfun)

Álisson Bonsuet

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Leite derramado não tem longa vida

- Quem atirou no peito do sujeito?
- Procura-se, procura-se, já procurou em si mesmo?

E morreu.


Mortálisson Bonsuet



sábado, 12 de outubro de 2013

Américo quase XX

Toma um café, cheira o sovaco, coça o saco e senta no vaso. Américo acordou mais cedo hoje, foi ver o sol nascer, foi ver sem perceber o que havia de errado, olhou para o lado só tinha a parede, bateu a cabeça com força, acordou o vizinho para ir pro trabalho, tomou um doce e fumou um cigarro, fez uma viagem interior.
Na primeira parada encontrou duas putas bolivianas, drogadas e com sono, com fome de sexo, sorriu e seguiu, na segunda  conversou com as pulgas de um cachorro belga, não se sentia sozinho, foi andando de mansinho e entrou numa casinha velha e verde, foi ver de perto quem ali habitava, na entrada ficou pensando, deve ser alguém que teve uma vida cara e hoje paga o preço... Tcharam, ali estava, Sr. Américo Futuro, sentado no vaso, cheirando o sovaco e coçando o saco, velho e fedido, largado e fodido, sozinho e sem paz.

Álisson Bonsuet

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Medíocre

Tem algo preso no peito.
Não é a fumaça do cigarro.
Se fosse, seria menos letal.
Se fosse, seria mais carnaval.

Talvez eu saiba o que seja.
Mas, eu não quero a certeza.
Prefiro meio copo de cerveja.
Pra ser mais um cara normal.

Álisson Bonsuet

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A jardineira

Ela corria pelo Jardim sem saber que poderia se ferir, mas, me diz senhor, que mal tem nisso? Quem plantaria ali uma flor espinhenta ou algo que não te fizesse bem, algo que fosse menos de cem beijos de amor?
Moleca, cuidado quando cai, cuidado também ao pisar em uma flor distinta, aquela que ficaria linda em teu sorriso, que passearia por teu umbigo, e criaria uma verruga em teu joelho. Só pra desespero de outra flor que secou, saiba que aqui eu estou, lembra que o amor ainda existe, e não há jardim que resiste aos encantos teus.

Álisson Bonsuet.



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Como estrela e como amante

O acaso foi caçando você pra se casar em mim.
Tirou casaco e só de véu se entregou assim.
Que só de ver aquela luz cair.
Já era tarde te querer por fim.

E te queria meio Tom Jobim.
Como piano, solidão e gim.
E te chamava de anjo azul.
Ouvindo Chico, melancolia e rum.

Álisson Bonsuet

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Bem feito amor

Meu bem, desculpa a barba.
Cê fica brava, mas é lindo de se ver.
Amor, desculpa nada.
Eu sei que gosta dos defeitos...
Fui mal feito pra você.

Álisson Bonsuet




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Na fila do pão

Primeiro vamos nos encontrar.
Os olhos terão certeza.
Dentro de tanta beleza.
Acharia o teu lugar.

A gente ri, tudo fica lindo.
Como índios, a gente dança.
Ouve Bete e Balança.
Cícero e Caê.

Te peço em casamento de brincadeira.
Você aceita de inverdade.
Começamos algo forte.
Não se vê medo de morte.

Os meses vão passando.
Os dias nos gastando.
Ciume nos castiga.
Você me chamou de vida.

A vida é difícil meu bem.
Vai pensando em ter neném.
E eu pensando em dormir.
Já andamos até aqui.

Agora é cada um prum canto.
Dedos de uísque, música de pranto.
Não era pra tanto, exagero meu.
Esquece o que foi um dia tão seu.

Acordamos e nos vestimos.
Saímos com pressa.
Resistimos então.
Daqui a pouco vem outro olho, na praça.

Amor...

Álisson Bonsuet

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sol mente

A menina do laço chorou o que rompia.
Fechou as janelas, primavera chovia.
Verão bateu a porta pra secar e dar calor.
Talvez atrás da fortaleza a menina guarde amor.

Guarda-chuvas de rancor.
Guardanapos rabiscados.
Pra enxugar talvez dois corpos.
Pra ser assim o nosso caso.

O acaso deixa entrar.
Pro acaso acontecer.
Pra uma luz alumiar.
Véu se caso com você.

Álisson Bonsuet

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Pena de poeta

Quando alguém vier pra te dizer.
(Por ilusão ou atrevimento)
Que te esperou por uma vida.
Acredite antes em mim.

Hoje ando tão assim, sem rima.

Nos bares, caindo em cada esquina.
No choro, da janela na menina.

Os amigos, trago no peito.

Dois cigarros amassados.
Amassando um ser sujeito.

Se te amo é por ser novo.

Se te odeio, meio otário.
Se é novo não é sábio.
Em teus lábios sou desgraça.

Alma velha é como a dor para um bom samba.

É o tempero do poeta.
Deve haver coisa que sangra.

Mas você já me conhece.

Seu eu tiver algo que preste
Entenderá um verso assim.

Mas você sabe que é drama.

Se a saudade não reclama.
Ainda faz parte do fim.

Álisson Bonsuet

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Crime casual

Ela pegou a poesia, mediu pra ver se caberia.
Vestiu-me sem roupa, era fantoche.
Esqueci as horas passando, e passeei dentro dela.
Conheci teus lugares, arrepios na testa.

Desarrumei tua casa, lançou teu perfume.
Baguncei teu cabelo, suei o quanto pude.
Sentiu a plenitude, e completa se fez.
Chegamos juntos, parecia um rei.

A água que se atreveu tocar a tua pele
Evaporou, antes mesmo de chegar.
Me dissera então assim sem fala alguma:
"Aproveite o momento antes de evaporar"

Álisson Bonsuet.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Outra vida

Eu era cão enquanto ela caçava com gato.
Eu era chão enquanto ela voava com os pássaros.
Pra solidão: Solidário.
Amor em solicitação: Solitário.

Me fiz de simples, ela foi composto.

Fui de direita, ela foi anarquista.
Pintei as ruas que choviam em agosto.
Ela não passou nem de visita.

Quem sabe então haverá outra vida.

Uma que eu possa ser melhor pra ti.
Que no quintal a gente solte os filhos.
E nesse encontro te encontre em mim.

Álisson Bonsuet




sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sereia e pescador

Antônio pescador jogava o barco no mar.
Todos os dias vinha de lá pra cá.
Em cada porto tinha uma paixão diferente.
Se morresse seria enterrado como indigente.

Não tinha medo de tempestade.
Saia sempre com muita humildade.
Pedia a bênção a Iemanjá.
Sempre se benzia antes de se jogar.

Ouvia as lendas de pescador.
Lendas de quem acreditava no amor.
Dizia sem sorte por nunca ter encontrado.
Ia pro mar bravo sem pressa, mas nunca atrasado.

Um dia desses navegava e o céu fechou.
Tempestade forte, teu barco naufragou.
Uma sereia boa o ajudou.
Ele que não acreditava se apaixonou.

Hoje vivem lá no fundo do mar.
Não é desenho americano.
Muito menos estória contada pelo vovô.
Foi o que aconteceu com a sereia e o pescador.

Álisson Bonsuet.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Desaprendendo em agosto

Eu entendia de tudo sobre todas as coisas.
Eu entendia da morte e das outras pessoas.
Eu entendia matemática, entendia geografia.
Tirava as roupas de noite e as colhia de dia.

Fui entender dos entendimentos dos outros.
Me perdi em agosto, sem tempo pra setembro.
Desconheci o inverno de dentro da moça.
Não era português o que saia da boca.

Se é sobre o amor, se é sobre a ela.
Será labirinto nos becos e vielas.
Se é sobre a viagem que fiz dentro dela.
Ninguém nunca saberá.

Eu sei lá, foi paixão.
Eu não sei de nada.
Eu serei solidão.
Incerteza em exatas.

Álisson Bonsuet.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Nosso novo nome

E novamente eu vou pintando a minha casa.
De nova mente encontrando a minha cara.
Que é sua, que é nossa, menos fossa, meio bossa.

Vamos rir e deixar o vento bater.
Que leve a tristeza, que esqueça as certezas.
Que invente mil desculpas, novas.

O sol volta a ser rosa, a conversa vira prosa.
Amanhece o dia como se fosse poesia.
A noite chega com o cheirinho da boemia.

Odiarei mil poesias minhas.
Tu amarás como se fossem filhas.
Nas trilhas do nosso novo nome.

Álisson Bonsuet.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Passada de passarinha

Ela passará por você outras dez mil vezes.
Você olhará com fome, suplicando teu nome.
Ela vai sorrir,  te fazer de bobo e sapato.
Se casará com outro cara, moreno e alto.
Mas ainda assim, passará por você outras dez mil vezes.

Álisson Bonsuet.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Cordel blogueado e passarificado

Maria Helena queria se casar com o tal do Zé
Zé gostava de Helena e Helena ainda gostava de Zé
Zé um pássaro cantador se viu perdendo o amor
Helena queria o canto só pra ela, numa gaiola na sala
Com uma única fala e suco de seriguela.

Que maldade tirar deste céu o que nunca vai ser seu
Passarinho versificando em cordel a vida fora do papel
Morreremos sem levar nenhuma roupa, e o que nos resta?
Milhões de beijinhos na boca cantando e catando os amores das flores
Vivendo e conhecendo os sabores das dores, e só. Acompanhado é melhor.

Zé queria ser amado sem estar acorrentado, o amor é libertário. Solta eu, não vai sem migo.

Álisson Bonsuet


terça-feira, 25 de junho de 2013

A Víbora e a Santa são a mesma pessoa

Podemos ser mil vezes mais que dois.
Pode ser só nós, sem os nós de quem se foi.
Só corro se o socorro for correr pra ti.
Só ouço o padre ouvindo que você gritou que sim.

Víbora, vambora ver a vida de partida no colchão.
Passar todo esse tempo mergulhado em teu gozo.
Glorioso e nervoso, o nervo ataca o coração.

Santa, vambora ter um filho e cantar pr'ele dormir.
Representar a nossa peça pra de amor eu te vestir.
Escrever coisas erradas sem sentido ou piedade.
Pegar um avião e se prender na liberdade.

Acalmado Bonsuet

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Transtorno obsessivo possessivo de caso perdido

Hoje cedo morreu um cara ao acordar.
Nasceu o silêncio e o vazio em teu lar.
Moço raro com poço no peito.
Eram águas tão puras... Tiveram que sujar.

Mas a vida ainda andava  e ele tinha que levar.
Para os crentes ressurreição, para os céticos mesa de bar.
Foi uma morte passageira para um outro herói brilhar.
Ninguém sabe se foi cena ou foi pena pra matar.

Transtornado Bonsuet.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Biofagia

Nenhum cigarro pra curar o que dói no peito.
Nem a morfina pra deixar tudo direito.
É só insonia por ter feito tudo errado.
É só pecado, por um lado esquecido.

Partindo do pressuposto, mal suposto é preconceito.
Deito e viajo a procura de várias curas prum sujeito.
Esse sujeito quer ser composto, por dois.
Nas orações meio ilusórias, por deus.

Álisson Bonsuet.


sábado, 25 de maio de 2013

Caça

Ada... Que vadia mais amada, todos daquela cidade, homem, mulher, cachorro, criança, sonhavam em tê-la nos braços. Oto, um poeta de longe, escreveu-lhe misérias de amor, mas, nunca a tocou. Ebe, a mulher que fumava, gostava da coisa, tentou tragar a maldita e morreu, o coração atacou, cresceu e cresceu, nunca coube no caixão. Bob, filho de pai rico e esnobe, deu-lhe de presente um diamante, coitado do infame, morreria de fome sem o amor desejado. Natan, a criança de olho verde, jurou arranca-los para ter teu coração, pobre Natan, só viu cor de solidão. Ada então foi pra prisão, seduziu o delegado, imbecil e abestalhado, que soltou a moça viva e viveu sem tuas mãos. Eu agora me pergunto, onde anda a tal da Ada? E, quem chamou de descarada? Qual o motivo sem razão?
Recompensa-se quem acha-la: Meio litro de veneno e uma cachaça destilada.
O padre ouviu os sinos falando: Parem a caça por essa moça que não quer se casar, solta é de passarinho, deixa em paz ele ‘avoar’.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Me sinto um Zé

A nega de saia e cabelo rodado nas noites sem salto saltava pra rir, eu preto fumando prefiro o tango com salsa e merengue, boemia de sempre pra nunca partir. 
Ela dizendo: Cuidado seu moço, te arranca o pescoço apaixonar-se por mim!
Eu com 'calmeza' dizia: Beleza, se é tanta certeza pra quê desistir? 

Teu nome é tão lindo, palíndromo perfeito, igual só teu beijo, igual nada é! 
Nosso santo furioso se bate em gozo se tiver o que beber, depois tu te vais sem obedecer, me faz de teu cão coleira e condão por comer em tua mão! 
Tu faz o que quer, me chama de Zé, me deixa no chão, faz 'relampiar' até no sertão.
Amora em que ano dá? Se é no pé de Ana 'cabô' cajá!

Álisson Bonsuet



sábado, 18 de maio de 2013

Compus pra te comprar

Eu tenho o dom de te sentir melhor que eu.
Foram dois copos e o amor em si perdeu.
Foram-se os beijos que alais não foram meus.
Foram-se noites me fez de rei em apogeu.

Teus olhos venenosos que em sonho eu venerava.
Me faziam de palhaço, de poeta e de pirata.
O som mais belo que existiu saiu da boca da amada.
Deixei moedas e fiz versos pra ver se compro a tua alma.

Álisson Bonsuet.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Guardamores

Teu guarda-chuva não guardou nenhuma lágrima, teu guardanapo desenhando o auto-retrato em meu braço sem abraços de amor. Teu cartão de visita nunca me visitou, comprei pó pra café, comprei xícara desnatada pra você não engordar. Teu vai dar tudo certo, no incerto se perdeu e entre tantos erros, errou mais quem me escolheu. Teu guarda-roupas, tira as roupas, quase deu pra mim um filho lindo assim, com teus dentes imprudentes, com a careca que me resta. Tua festa foi minha tara, teu nariz que desce e inala, põe libido põe dendê, põe nós dois pra você ver, põe!

Álisson Bonsuet.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Espelho d'alma

Olhos cansados, casados com a alma.
Te dizendo bem mais que as meias palavras.
Te dizendo que nada foi feito a letra da canção.
Te querendo dizer sobre a dor do coração.

Ainda sinto, sentado no chão sentindo que é frio.
Ainda minto, penteando o colchão, vazio.
Sobre o que nunca vai saber.
Sobre o medo de perder você.

Álisson Bonsuet.

domingo, 5 de maio de 2013

Tu, do espelho

Olhei pro espelho com pelos no rosto.
Um apelo de moço, o troco da vida.
Quem és tu pessoa nova, sempre com pressa e de partida?
Quem queres ser ao anoitecer, tu que teces assim a tua história?

O que acontece agora se não te deram um roteiro?
Tantas perguntas, só não esquece de viver.
Não esquece o coração pois aquece a tua alma.
Não esquece na solidão quem um dia sempre foi!

Álisson Bonsuet.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Almar coisa boa

Almemos mais as pessoas.
Almemo-nos por coisas boas.
Desarmemo-nos por coisas atoas.
Almemos a chuva.

Ao menos na alma.

Somente lá dentro.
Sentimos e rimos.
As rimas do tempo.

Álisson Bonsuet.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Dona Amora Simplória

Pequena de grande sorriso.
Encontra um amor por cada abismo.
Nunca tentou se encontrar.

Se for pra contar do amor que eu te dei.
Não conte as verdades, encante milhares,
faz padre pirar.

Se for pra sorrir nestes mesmos lugares.
Me chama e me queima, pois o que tens de pequena
tens de inverso nos versos para me conquistar.

Álisson Bonsuet.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Cardiopatia

Perdão amor, por usar desta paixão.
Perdão menina mulher, por usar destes escritos.
É baixo, é lindo, é a unica forma de amar-te.
É ainda a antiga maravilha, o presente angustioso.

Escreve pra mim também, mostra o que tu tens.
Por bem ou por mal, fez minha vida eterno caos.
Patologia platônica, amor desacerbado. 
Será que sou tão descarado pra não saber por onde andas?

Anda comigo, pois sem migo, são inimigos esses dias.
Ando com medo, pois em segredo eu perco o sagrado.
Em meus pensamentos, tu és a primeira, a mais amada.
Em meus sorrisos, teu nome é de deusa, teu nome é risada.

Álisson Bonsuet.


terça-feira, 9 de abril de 2013

Do tal zelo

Quando teu quarto esvaziar,
quando teu copo não mais restar,
quando tua alma não transbordar.
sai pra perguntar, cadê meu par?

Cuida amor, do mais singelo riso,
da mais perfeita forma, errada,
do mais sofrido tapa, sacana.

Sejamos homens, façamos valer.
Sejamos mente, em verdade sofrer.
Sempre sejamos sentimentos.
Sempre o zelo por ter.

Álisson Bonsuet.


sábado, 6 de abril de 2013

Ultima parada

Essa indiferença, que a mim envenenou.
Toda a minha crença, que descrente me deixou.
Nunca mais certeza, nunca mais eu sou.

Andando pelos bares e enchendo mais um copo.

Enchendo mais de lágrimas o que em fome eu devoro.
Enchendo o meu saco, quebrando meus espelhos.
Fugindo dessas ruas, vai em fuga pensamentos!

Essa desistência que em fim nunca se deu.

Nunca foi embora, e embora não quisesse.
Fez ouvir as minhas preces, por favor desaparece.
Só queria novamente.


Álisson Bonsuet.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Bem longe de mim

Falei-lhe, foi por tanto falar que falhei.
Te li, e por tanto saber, sofri.
Sorri-lhe, que de tanto amor, chorei.
Que de tanto amar, esqueci.

Lembrei-me, e pra te esquecer,
mais uma vez escrevi.
E pra me consolar,
você não sentiu como eu senti.

Álisson Bonsuet.


terça-feira, 12 de março de 2013

Sobre o teu nome

Maria da Saudade foi paixão de seu João.
João era de Santos e até eles deixaram-no na mão.
Maria da Saudade fugiu com o circo, que perigo malabares!
Meche com fogo mas não toca na Maria.
Já pensou se algum dia ela passeia em teus bares?

Álisson Bonsuet.



sábado, 9 de março de 2013

Eustácio evolutivo

Eustácio era tão ranzinza, seu mundo era todo cinza.
Conheceu uma flor de amor, que perfume forte!
Eustácio pensava em morte, e a flor, ah, a flor não pensava.
A flor, de presente, deu-lhe seu mais belo e sincero sorriso.
Eustácio achando que o mundo gira em torno do teu umbigo arrancou-a.
E a flor murchou com o tempo, o sorriso de Eustácio foi embora lento.
Oh tolo Eustácio, o amor que vem de dentro é libertário como o mar.
Não precisas arrancar, basta apreciar, cuidar e só, só amar, amar e amar.

Álisson Bonsuet.


quinta-feira, 7 de março de 2013

Saberes dos sabores

Mulher, tu que morre por amores.
Qual a morte são tuas dores.
Qual a morte é o princípio para paz.


Falando ainda mulher.
Tu não sabes o que é morte.
Nunca houve simples corte.
Nunca coube em nós.


Paixão, tu que vive a mutilar-nos.
Tu, paixão, que esquece-nos a cada fim.
O que ganhas sendo assim?
Vende almas pro diabo?

Falando ainda paixão.
Já não sei se devo.
Já não sei se rezo.
Já não sei se minto.

Ando falando sério.
Ando em desgosto rindo.
Ah, como seria mais fácil.
Saber onde andam seus passos.
Saber onde andam seus fins.

Álisson Bonsuet.

domingo, 3 de março de 2013

Serafim, o palhaço

Ah, quanta dor que foi dada a arte.
Quanto amor que me fez amar-te.
Será fome se for dela amigo.
Será riso se for dela amado.

Derrama a tinta seu pintor.
Se faz escritor abençoado.
Se faz artista enamorado.
Se faz mentor de um legado.

Mas é descarado, vagabundo.
Esses olhos tão imundos,
me impedindo de voar.

Quem não entende o melhor.
Em tua vida tem pior.
Em tua vida tem penar.
A tua vida é não piar.

'Xiu'

Álisson Bonsuet.



terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Ensaio sobre antigas epifanias

Beijou-me então e disse:
- Fica bem, isso é uma ordem!

Imagina agora meu amor,
ser teu pão, ser tuas mãos.
Ser teus dias, ser teus dedos.

E deslisando entre teus rios,
tocar no teu mais puro leito.
Dormir em teu deitar e nunca mais acordar.

Imagina agora meu amor,
ser teu barco, ser teu mar.
E no agridoce dos nossos sonhos.
Não cansar de navegar!

Eu só lembrei, só, só, só...

Álisson Bonsuet.



Veneno Grátis

Todos os lados tem teu nome.
Todas as músicas teu perfume.
Todas as flores o teu choro.

Me imploro cada vez que vou.
Me embolo cada vez que volto.
Me perco em cada canto seu.
Me erro em cada acerto nosso.

E eu aqui do mesmo jeito.
Com minha filosofia de bar.
Com minha prece e minha reza.
Tentando te fazer ficar.

Como não viver sem te respirar,
se a cada verso da minha vida,
encontro mais você do que sexo?
Diz qual é o teu veneno.
Te daria toda a certeza de um amor incerto.

Álisson Bonsuet.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Esquisitofrenia a minha

Diz valer a pena, se doar pra mim.
Desvaler é pena, se houver um fim.
Tua boca em meu beijo, corpo em desejo.
Minha carne em teu sexo, cheiro de nós.

A arte está em cena, relata o problema.
Que vida, querida, comida, amada.
A arte é o problema, relata a cena.
Que morte, tão forte, vou vê-la passar.

Álisson Bonsuet.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Foi-se

Então é isso, se foi.
Se foi sonho ou fantasia.
Se foi eterno ou por dois dias.
Se foi.

Agora vai, me deixa dançar.
Agora vai, pra nunca mais voar.
Agora dói, até o sol voltar.
Agora vai.

Álisson Bonsuet.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Desaber, desabou

Eu sento e escrevo-te novamente.
Sei o que sentes, o mesmo invadiu-me.
Me bate e me arde, me consome com fome.
Inútil tentar esquecer o teu nome, tuas peças e cheiros.

Vontade efêmera, não meus dilemas, não os meus "mas".
Não ao poeta que é o que me resta, não a bebida que cura as feridas.
Um gole pra vida, talvez traga paz, não é isso o que eu quero?
Que diabos! Quero guerra, quero fervor...  Quero nada não senhor...

Álisson Bonsuet.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Filofagía

Eis aqui a poesia,
mãe dos meus filhos,
amor dos meus versos.

Instigante 'filofagía'
Companheira de boemia,
cigarro que não se apaga.

O que eu temo é a anarquia.
Destruir tudo o que sinto,
não dói nem cura nada.

É o tempo que escreve a magia.
Deixando tudo mais lindo,
Sem deixar de ser minha tara.

Então me agarra, me escreve, não para.
Nos voa em viagens, nos come em passagens.
Até a morte gozar-nos, até a vida deixar-nos.

Álisson Bonsuet.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Primeira pessoa do plural

Deixa eu falar-te, expressar-te, criar-te,
Adorar-te, começar a odiar-te, mas deixa ser novo.
Não falta coragem, preencher a bagagem, em gozo.
Amolar nossas facas e matar-nos em beijos, desejos.

Se as costas nos doem, massagens excitam.
Transformam e compartilham nos melando em corpos.
Nos comendo sem pratos, nos fazendo selvagens.
Pensando, é miragem ou o passaporte pra sorte?

Álisson Bonsuet.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Ensaio sobre os tempos modernos

Pra entender a vida eu teria que ser um cão.
Não teria teu coração, só sentiria feromônios.
Sabe, cão de rua, que não precisa de doutor?
Nem calendário, nem amor, ou dinheiro pra passagem.

Daqui a uns dias, amor vira é palavrão.
E se ninguém o explica então.
É bruxaria, indignação.
O que se sente já não vale!

Por isso eu bebo, eu como eu mordo.
Pra ver ser volto aos tempos de adulto.
Onde o sentimento é absurdo.
Onde o lucro é o nosso deus.

Álisson Bonsuet.


sábado, 19 de janeiro de 2013

Mais um voo

Um dia acordaremos sem amor.
Como é triste ter que perder tal emoção.
Qualquer dia desses acordaremos sem rancor.
É melhor aprender,  não podemos segurar um coração.

Um choro nos faz ver com mais clareza.
Quanta beleza fez eterno o nosso fim?
Por quantas vezes eu te quis perto de mim?
Por muitos fins, eu nunca quis te perder...

Álisson Bonsuet.


O matador de dragões

Vida, trocastes nossa subjetividade.
Troquei-nos por um pedaço de pão maior.
Disseram-nos que assim seria melhor.
Ou nunca mais seria o mesmo.

Não creio que tinham algo a dizer.

Talvez, nunca quisesses crer.
Mas, se é pra crescer, nos encurtamos até a morte,
qual a sorte é controversa.

Vida, onde eu ponho os versos que vivemos juntos?

Ao lado dos papeis do nada que viraram lixo?
Perto dos documentos fardados que pagaram-me as contas?
Tão longe de nós que sonhávamos em matar dragões.

Álisson Bonsuet.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Resumo cotidiano

Angústia estava solitária, recordou os velhos e bons tempos que andara com Saudade, marcaram um encontro, quem sabe, tomar um café e logo se casarem. Alegria apareceu no casamento, levou contigo teu parente, Felicidade, só não sabia que o padre do casório seria Esperança. Tudo ocorreu como planejado, só nunca se soube o motivo da união não ter durado, curado, maltratado ou ainda matado...

Álisson Bonsuet.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Analogia evidente

Sinto-me sujo, possessivo.
Morto pelo mesmo fardo.
Como alguém nascido em 29.
Como alguém nascido em abril.

Não me deixes amor;
diria sem parar, eu juro.
Juro te deixar voar, eu juro.
Juro nunca te deixar, imploro.

Mas e se fosse contigo.
Que perigo iria ser.
Só ne me quitte pas.
Não me faz morrer.

Álisson Bonsuet.