domingo, 29 de julho de 2012

Pausa pro café

A gente busca alguém pra amar, pra chamar de sempre, pra sonhar meio que igual, sonhar junto. Não quero construir o sonho dos outros e nem é preciso ser o centro de tudo, quero gente grande, gente forte, gente que me ajude a pensar, a viver, não alguém que precisemos ensinar o certo ou errado, quero mente pra evoluir, quem está ao nosso alcance sobe com mais facilidade do que quem está no chão, não hoje, ainda não é a hora...


Álisson Bonsuet em poucas palavras...



sábado, 28 de julho de 2012

Amar em mar

Hoje resolvi fazer pra sempre aquele sentimento que se fez interno.
Quantas vezes a alma sorriu, desapegou daquele fardo.
Quantas vezes a gente caiu, chega pediu pra ficar no buraco.


Mas é que hoje eu resolvi mudar a estória.
Resolvi contar minhas glórias, e abir os dentes escancaradamente.
Aquele sono inteligente, aquele sol de madrugada, era meu corpo.


Veja no espelho a esperança de acordar.
A sua história é só sua, não importa quem deixar.
Por mais que se vá, por mais que se vem, morreremos sem.
Morremos só, então viveremos bem, ou nem, só viverei.


Vida enciclica, vida em ciclos, a vida e suas fases.
Nos traga a bagagem, nos traga a luz, nos traga a calma e a tolerância.
Nos leve a arrogância, petulância, só nos leve além !


Álisson Bonsuet.



Pedido amargo

Ei, menina morena, pra que fazes tanta cena?
Já não sabes que me tens e já não sabes que és meu bem?
Ei menina morena, me pediu um ou dois versos.
Só não sei se irá ama-lo, nem sei se vai amar-me.

Ei, menina tão bela, qual o motivo disso tudo.
Uma mordida e dois desprezos.
Um ciume carregado de teatro, carregado de desamor.
Carregando então no peito, a lembrança do desejo.

Não quero que penses que ando por ai rindo a toa.
Eu não choro e nem divirto essas ruas nada boas.
Me bebo, me fumo, me distraio e volto sempre ao mesmo.
A eu mesmo, onde navego, onde espero, onde só lembro.

Álisson Bonsuet. 


domingo, 22 de julho de 2012

Bobo de sorte é bobo da corte

Enquanto o bobo servia a corte.
Ela simplesmente sorria e seguia.
Enquanto os sonhos eram sonhados.
Ela sozinha sabia que não sentiria.


Ele estava a pensar em nomes pros filhos.
Ela estava pensando em conhecer mais amigos.
E de tão distantes e destintos destinos.
Eis que o sino toca no cume da capela.


Estava na hora do divino anunciar.
O bobo da sorte não poderia mais brincar.
A menina não poderia se casar.
O insano da corte começou a gargalhar.


Álisson Bonsuet.



domingo, 15 de julho de 2012

Toda a linha

Perdão amor, mas poderia ser Tereza.
Só não teria a certeza se o amor seria tão bom.
Perdão amor, mas poderia ser Amélia.
Depois de um pouco de Marcelas, eu sigo em frente com meu dom.


Tendo a capacidade de apenas amar-te.
Tendo a pena em minhas mãos, em pleno século XXI.
Sentindo forte que lá fora o mundo ri.
Dizendo a morte para não levar-me sem ti.


É o egoismo que me toma.
Sem piedade ou camaradagem.
É o amor que não destrói.
Mas é paixão que só me parte.


Perdão amor, pelo amor incompreendido. 
Se ainda estiver vivo, mesmo longe há de estar.
Perdão amor, pelo amor tão arriscado.
Só estando ao seu lado, saberei o que buscar.


Álisson Bonsuet.



quinta-feira, 12 de julho de 2012

Pecado imaculado

Me sujo em ventres sem sabores.
Me bebo nos suores sem amores.
Me finjo de rei, não finjo ser bobo.
Cheiro de corpo, não duradouro.


Estou casado com a vida.
Estou propenso a amar.
Estou perdido na avenida.
Sou de quem quiser cuidar.


Como você e todo mundo.
Eu sou aluno desta orgia.
Sou o amor e a alegria.
Talvez tristeza e putaria.


Álisson Bonsuet.



terça-feira, 10 de julho de 2012

A janela do menino

O menino descalço e desarmado apoiou-se na janela.
Ficou esperando o moço passar, pena que o menino não sabia se acalmar.
Ele não sabia se sorria, se chorava, não sabia o que esperar.
Mas continuou esperando, a mãe deu manga ele quis jabá, a mãe deu colo ele não quis nada.


E nada do tal do moço aparecer, o menino ficou triste e se foi.
O moço forte, meio alto, meio chato até chegou a esperar o tal do velho.
Continuou sem saber o que esperar, o amigo deu conhaque e licor, ele bebeu rápido demais.
Logo se chateou e foi embora sem deixar nada, nem amor, nem inimigos, só a libido aflorada.


O velho resmungão, que chegou se achando o dono da razão.
Quem imaginaria que só assim iria aprender?
Pôs-se então a refletir e respirar, e a resposta ele mesmo quis se dar.
Disse que de nada serviu esperar, é melhor sofrer alegre que chorar sem navegar.


E depois de tudo isso ele voltou a ser criança.
Pensando assim que a esperança não poderia atrapalhar.
Mas mesmo certo de tantos erros, o velho, moço imaturo esperançou.
Desta vez não esperou, foi atrás do que alcançar.


Álisson Bonsuet.


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Caça

Molhei com toda falta de educação o biscoito num café bem forte, estava sentado à mesa do lado de fora de um restaurante chique  desses que vemos pelo Rio Vermelho, assim continuei, desinteressado pelo jornal que havia comprado por tão caros cinquenta centavos, não havia vergonha alguma, todos estavam prestando atenção em suas próprias vidas, assim penso eu, puxei um livro com cheiro de mofo de minha mochila suja, comecei a perceber o quão era poderoso estar sentado, tomando um café, comendo um biscoito e lendo um simples livro velho, daí as pessoas já observavam-me, acho que passava por suas cabeças que eu deveria ser um estudante de filosofia ou letras de uma dessas faculdades públicas, formadoras de monstros intelectuais que se prendem em seu próprio "ninho cultural", e com raiva do mundo, não expressam suas opiniões apenas pelo fato do mundo não merecer tal grandeza. 
Chegava no bar uma mulher com traços meigos, parecia ser culta, mas alegre, não aquela cultura amarga que nos remete a angústia, uma cultura de vida, que chega dava pra ver um brilho qual transmitia, arrisquei um sorriso, ela nem olhou para mim, pensei que não tivesse me visto, daí lembrei que um amigo meu disse-me uma vez, "Você acha que ela não te viu, mas ela te percebeu e analisou em menos de um milésimo de segundos, tudo isso de longe! " Depois de lembrar disso fui obrigado a vê-la ao lado de um rapaz que já estava há tempos no local, ele provavelmente havia convidado-a pra sair, um rapaz bem vestido, cabelos baixos e lisos, barba feita, totalmente diferente de mim, fingi-me de louco com uma ultima esperança, talvez tivesse apaixonado-me sem conhecer a senhorita, subi em uma das mesas e recitei o mais belo de meus poemas com o olhar fixo para ela, o garçom pediu educadamente para que eu me retirasse do local, peguei minhas coisas, paguei com um ódio mortal aquele café horrível, e ela passou por mim de mão dadas com o cavalheiro saindo também do restaurante, sorriu pra mim, e o meu dia ficou melhor, até o café já estava menos ruim em meu estômago, nunca mais havia me sentido tão leve, daí peguei meus sonhos e fui pra outro barzinho, tentar achar outra paixão repentina, mas ela nunca mais voltou !

Álisson Bonsuet.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Camisa de louco

Arranquei a camisa de forma assustadora.
Não arrancava há dias, logo fiz-me louco.
Pensei um pouco, dei três ou mais tapas na mesa.
Não tinha certeza se era fraqueza ou falta de remédio.


Pra espantar o tédio, fiz um chá de melancolia.
Ele me lia, saberia quem eu era e começou a conversar comigo.
Disse ser meu amigo, mas nem me deu ouvidos quando fui lhe falar.
Não estava doente, era só o presente que de tão ausente não deixava gritar.


Sentei em frente ao monstro de vidro e plástico.
Comecei a contar-lhe tudo, já sabia que não responderia-me.
Senti o cheiro do sandalo queimando, música ruim tocando, que diabos é isso.
Se nem eu posso explicar como posso então sentir, pode ir, nem fala nada.


Álisson Bonsuet.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Passam os pássaros

Passaram os pássaros que não pude por em gaiolas.
Me pus em própria conversão de sentidos.
Libertei a libido, feromônios e sonhos.
Deixei seguir, não deixei de ser feliz.


Não era como sempre quis, só não conseguia explicar.
Tendo tudo era tão pouco, e hoje é o pouco que me resta.
Não que seja ruim, só não sei se faz parte de mim.
E como toda fauna, vou de galho em galho. 
Sendo pássaro o ser humano, sendo parte deste fardo.


Álisson Bonsuet.