quinta-feira, 5 de julho de 2012

Camisa de louco

Arranquei a camisa de forma assustadora.
Não arrancava há dias, logo fiz-me louco.
Pensei um pouco, dei três ou mais tapas na mesa.
Não tinha certeza se era fraqueza ou falta de remédio.


Pra espantar o tédio, fiz um chá de melancolia.
Ele me lia, saberia quem eu era e começou a conversar comigo.
Disse ser meu amigo, mas nem me deu ouvidos quando fui lhe falar.
Não estava doente, era só o presente que de tão ausente não deixava gritar.


Sentei em frente ao monstro de vidro e plástico.
Comecei a contar-lhe tudo, já sabia que não responderia-me.
Senti o cheiro do sandalo queimando, música ruim tocando, que diabos é isso.
Se nem eu posso explicar como posso então sentir, pode ir, nem fala nada.


Álisson Bonsuet.



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