sexta-feira, 31 de maio de 2013

Biofagia

Nenhum cigarro pra curar o que dói no peito.
Nem a morfina pra deixar tudo direito.
É só insonia por ter feito tudo errado.
É só pecado, por um lado esquecido.

Partindo do pressuposto, mal suposto é preconceito.
Deito e viajo a procura de várias curas prum sujeito.
Esse sujeito quer ser composto, por dois.
Nas orações meio ilusórias, por deus.

Álisson Bonsuet.


sábado, 25 de maio de 2013

Caça

Ada... Que vadia mais amada, todos daquela cidade, homem, mulher, cachorro, criança, sonhavam em tê-la nos braços. Oto, um poeta de longe, escreveu-lhe misérias de amor, mas, nunca a tocou. Ebe, a mulher que fumava, gostava da coisa, tentou tragar a maldita e morreu, o coração atacou, cresceu e cresceu, nunca coube no caixão. Bob, filho de pai rico e esnobe, deu-lhe de presente um diamante, coitado do infame, morreria de fome sem o amor desejado. Natan, a criança de olho verde, jurou arranca-los para ter teu coração, pobre Natan, só viu cor de solidão. Ada então foi pra prisão, seduziu o delegado, imbecil e abestalhado, que soltou a moça viva e viveu sem tuas mãos. Eu agora me pergunto, onde anda a tal da Ada? E, quem chamou de descarada? Qual o motivo sem razão?
Recompensa-se quem acha-la: Meio litro de veneno e uma cachaça destilada.
O padre ouviu os sinos falando: Parem a caça por essa moça que não quer se casar, solta é de passarinho, deixa em paz ele ‘avoar’.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Me sinto um Zé

A nega de saia e cabelo rodado nas noites sem salto saltava pra rir, eu preto fumando prefiro o tango com salsa e merengue, boemia de sempre pra nunca partir. 
Ela dizendo: Cuidado seu moço, te arranca o pescoço apaixonar-se por mim!
Eu com 'calmeza' dizia: Beleza, se é tanta certeza pra quê desistir? 

Teu nome é tão lindo, palíndromo perfeito, igual só teu beijo, igual nada é! 
Nosso santo furioso se bate em gozo se tiver o que beber, depois tu te vais sem obedecer, me faz de teu cão coleira e condão por comer em tua mão! 
Tu faz o que quer, me chama de Zé, me deixa no chão, faz 'relampiar' até no sertão.
Amora em que ano dá? Se é no pé de Ana 'cabô' cajá!

Álisson Bonsuet



sábado, 18 de maio de 2013

Compus pra te comprar

Eu tenho o dom de te sentir melhor que eu.
Foram dois copos e o amor em si perdeu.
Foram-se os beijos que alais não foram meus.
Foram-se noites me fez de rei em apogeu.

Teus olhos venenosos que em sonho eu venerava.
Me faziam de palhaço, de poeta e de pirata.
O som mais belo que existiu saiu da boca da amada.
Deixei moedas e fiz versos pra ver se compro a tua alma.

Álisson Bonsuet.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Guardamores

Teu guarda-chuva não guardou nenhuma lágrima, teu guardanapo desenhando o auto-retrato em meu braço sem abraços de amor. Teu cartão de visita nunca me visitou, comprei pó pra café, comprei xícara desnatada pra você não engordar. Teu vai dar tudo certo, no incerto se perdeu e entre tantos erros, errou mais quem me escolheu. Teu guarda-roupas, tira as roupas, quase deu pra mim um filho lindo assim, com teus dentes imprudentes, com a careca que me resta. Tua festa foi minha tara, teu nariz que desce e inala, põe libido põe dendê, põe nós dois pra você ver, põe!

Álisson Bonsuet.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Espelho d'alma

Olhos cansados, casados com a alma.
Te dizendo bem mais que as meias palavras.
Te dizendo que nada foi feito a letra da canção.
Te querendo dizer sobre a dor do coração.

Ainda sinto, sentado no chão sentindo que é frio.
Ainda minto, penteando o colchão, vazio.
Sobre o que nunca vai saber.
Sobre o medo de perder você.

Álisson Bonsuet.

domingo, 5 de maio de 2013

Tu, do espelho

Olhei pro espelho com pelos no rosto.
Um apelo de moço, o troco da vida.
Quem és tu pessoa nova, sempre com pressa e de partida?
Quem queres ser ao anoitecer, tu que teces assim a tua história?

O que acontece agora se não te deram um roteiro?
Tantas perguntas, só não esquece de viver.
Não esquece o coração pois aquece a tua alma.
Não esquece na solidão quem um dia sempre foi!

Álisson Bonsuet.