terça-feira, 27 de agosto de 2013

Pena de poeta

Quando alguém vier pra te dizer.
(Por ilusão ou atrevimento)
Que te esperou por uma vida.
Acredite antes em mim.

Hoje ando tão assim, sem rima.

Nos bares, caindo em cada esquina.
No choro, da janela na menina.

Os amigos, trago no peito.

Dois cigarros amassados.
Amassando um ser sujeito.

Se te amo é por ser novo.

Se te odeio, meio otário.
Se é novo não é sábio.
Em teus lábios sou desgraça.

Alma velha é como a dor para um bom samba.

É o tempero do poeta.
Deve haver coisa que sangra.

Mas você já me conhece.

Seu eu tiver algo que preste
Entenderá um verso assim.

Mas você sabe que é drama.

Se a saudade não reclama.
Ainda faz parte do fim.

Álisson Bonsuet

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Crime casual

Ela pegou a poesia, mediu pra ver se caberia.
Vestiu-me sem roupa, era fantoche.
Esqueci as horas passando, e passeei dentro dela.
Conheci teus lugares, arrepios na testa.

Desarrumei tua casa, lançou teu perfume.
Baguncei teu cabelo, suei o quanto pude.
Sentiu a plenitude, e completa se fez.
Chegamos juntos, parecia um rei.

A água que se atreveu tocar a tua pele
Evaporou, antes mesmo de chegar.
Me dissera então assim sem fala alguma:
"Aproveite o momento antes de evaporar"

Álisson Bonsuet.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Outra vida

Eu era cão enquanto ela caçava com gato.
Eu era chão enquanto ela voava com os pássaros.
Pra solidão: Solidário.
Amor em solicitação: Solitário.

Me fiz de simples, ela foi composto.

Fui de direita, ela foi anarquista.
Pintei as ruas que choviam em agosto.
Ela não passou nem de visita.

Quem sabe então haverá outra vida.

Uma que eu possa ser melhor pra ti.
Que no quintal a gente solte os filhos.
E nesse encontro te encontre em mim.

Álisson Bonsuet




sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sereia e pescador

Antônio pescador jogava o barco no mar.
Todos os dias vinha de lá pra cá.
Em cada porto tinha uma paixão diferente.
Se morresse seria enterrado como indigente.

Não tinha medo de tempestade.
Saia sempre com muita humildade.
Pedia a bênção a Iemanjá.
Sempre se benzia antes de se jogar.

Ouvia as lendas de pescador.
Lendas de quem acreditava no amor.
Dizia sem sorte por nunca ter encontrado.
Ia pro mar bravo sem pressa, mas nunca atrasado.

Um dia desses navegava e o céu fechou.
Tempestade forte, teu barco naufragou.
Uma sereia boa o ajudou.
Ele que não acreditava se apaixonou.

Hoje vivem lá no fundo do mar.
Não é desenho americano.
Muito menos estória contada pelo vovô.
Foi o que aconteceu com a sereia e o pescador.

Álisson Bonsuet.