segunda-feira, 29 de julho de 2013

Desaprendendo em agosto

Eu entendia de tudo sobre todas as coisas.
Eu entendia da morte e das outras pessoas.
Eu entendia matemática, entendia geografia.
Tirava as roupas de noite e as colhia de dia.

Fui entender dos entendimentos dos outros.
Me perdi em agosto, sem tempo pra setembro.
Desconheci o inverno de dentro da moça.
Não era português o que saia da boca.

Se é sobre o amor, se é sobre a ela.
Será labirinto nos becos e vielas.
Se é sobre a viagem que fiz dentro dela.
Ninguém nunca saberá.

Eu sei lá, foi paixão.
Eu não sei de nada.
Eu serei solidão.
Incerteza em exatas.

Álisson Bonsuet.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Nosso novo nome

E novamente eu vou pintando a minha casa.
De nova mente encontrando a minha cara.
Que é sua, que é nossa, menos fossa, meio bossa.

Vamos rir e deixar o vento bater.
Que leve a tristeza, que esqueça as certezas.
Que invente mil desculpas, novas.

O sol volta a ser rosa, a conversa vira prosa.
Amanhece o dia como se fosse poesia.
A noite chega com o cheirinho da boemia.

Odiarei mil poesias minhas.
Tu amarás como se fossem filhas.
Nas trilhas do nosso novo nome.

Álisson Bonsuet.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Passada de passarinha

Ela passará por você outras dez mil vezes.
Você olhará com fome, suplicando teu nome.
Ela vai sorrir,  te fazer de bobo e sapato.
Se casará com outro cara, moreno e alto.
Mas ainda assim, passará por você outras dez mil vezes.

Álisson Bonsuet.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Cordel blogueado e passarificado

Maria Helena queria se casar com o tal do Zé
Zé gostava de Helena e Helena ainda gostava de Zé
Zé um pássaro cantador se viu perdendo o amor
Helena queria o canto só pra ela, numa gaiola na sala
Com uma única fala e suco de seriguela.

Que maldade tirar deste céu o que nunca vai ser seu
Passarinho versificando em cordel a vida fora do papel
Morreremos sem levar nenhuma roupa, e o que nos resta?
Milhões de beijinhos na boca cantando e catando os amores das flores
Vivendo e conhecendo os sabores das dores, e só. Acompanhado é melhor.

Zé queria ser amado sem estar acorrentado, o amor é libertário. Solta eu, não vai sem migo.

Álisson Bonsuet