quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A jardineira

Ela corria pelo Jardim sem saber que poderia se ferir, mas, me diz senhor, que mal tem nisso? Quem plantaria ali uma flor espinhenta ou algo que não te fizesse bem, algo que fosse menos de cem beijos de amor?
Moleca, cuidado quando cai, cuidado também ao pisar em uma flor distinta, aquela que ficaria linda em teu sorriso, que passearia por teu umbigo, e criaria uma verruga em teu joelho. Só pra desespero de outra flor que secou, saiba que aqui eu estou, lembra que o amor ainda existe, e não há jardim que resiste aos encantos teus.

Álisson Bonsuet.



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Como estrela e como amante

O acaso foi caçando você pra se casar em mim.
Tirou casaco e só de véu se entregou assim.
Que só de ver aquela luz cair.
Já era tarde te querer por fim.

E te queria meio Tom Jobim.
Como piano, solidão e gim.
E te chamava de anjo azul.
Ouvindo Chico, melancolia e rum.

Álisson Bonsuet

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Bem feito amor

Meu bem, desculpa a barba.
Cê fica brava, mas é lindo de se ver.
Amor, desculpa nada.
Eu sei que gosta dos defeitos...
Fui mal feito pra você.

Álisson Bonsuet




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Na fila do pão

Primeiro vamos nos encontrar.
Os olhos terão certeza.
Dentro de tanta beleza.
Acharia o teu lugar.

A gente ri, tudo fica lindo.
Como índios, a gente dança.
Ouve Bete e Balança.
Cícero e Caê.

Te peço em casamento de brincadeira.
Você aceita de inverdade.
Começamos algo forte.
Não se vê medo de morte.

Os meses vão passando.
Os dias nos gastando.
Ciume nos castiga.
Você me chamou de vida.

A vida é difícil meu bem.
Vai pensando em ter neném.
E eu pensando em dormir.
Já andamos até aqui.

Agora é cada um prum canto.
Dedos de uísque, música de pranto.
Não era pra tanto, exagero meu.
Esquece o que foi um dia tão seu.

Acordamos e nos vestimos.
Saímos com pressa.
Resistimos então.
Daqui a pouco vem outro olho, na praça.

Amor...

Álisson Bonsuet

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sol mente

A menina do laço chorou o que rompia.
Fechou as janelas, primavera chovia.
Verão bateu a porta pra secar e dar calor.
Talvez atrás da fortaleza a menina guarde amor.

Guarda-chuvas de rancor.
Guardanapos rabiscados.
Pra enxugar talvez dois corpos.
Pra ser assim o nosso caso.

O acaso deixa entrar.
Pro acaso acontecer.
Pra uma luz alumiar.
Véu se caso com você.

Álisson Bonsuet