terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Ensaio sobre antigas epifanias

Beijou-me então e disse:
- Fica bem, isso é uma ordem!

Imagina agora meu amor,
ser teu pão, ser tuas mãos.
Ser teus dias, ser teus dedos.

E deslisando entre teus rios,
tocar no teu mais puro leito.
Dormir em teu deitar e nunca mais acordar.

Imagina agora meu amor,
ser teu barco, ser teu mar.
E no agridoce dos nossos sonhos.
Não cansar de navegar!

Eu só lembrei, só, só, só...

Álisson Bonsuet.



Veneno Grátis

Todos os lados tem teu nome.
Todas as músicas teu perfume.
Todas as flores o teu choro.

Me imploro cada vez que vou.
Me embolo cada vez que volto.
Me perco em cada canto seu.
Me erro em cada acerto nosso.

E eu aqui do mesmo jeito.
Com minha filosofia de bar.
Com minha prece e minha reza.
Tentando te fazer ficar.

Como não viver sem te respirar,
se a cada verso da minha vida,
encontro mais você do que sexo?
Diz qual é o teu veneno.
Te daria toda a certeza de um amor incerto.

Álisson Bonsuet.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Esquisitofrenia a minha

Diz valer a pena, se doar pra mim.
Desvaler é pena, se houver um fim.
Tua boca em meu beijo, corpo em desejo.
Minha carne em teu sexo, cheiro de nós.

A arte está em cena, relata o problema.
Que vida, querida, comida, amada.
A arte é o problema, relata a cena.
Que morte, tão forte, vou vê-la passar.

Álisson Bonsuet.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Foi-se

Então é isso, se foi.
Se foi sonho ou fantasia.
Se foi eterno ou por dois dias.
Se foi.

Agora vai, me deixa dançar.
Agora vai, pra nunca mais voar.
Agora dói, até o sol voltar.
Agora vai.

Álisson Bonsuet.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Desaber, desabou

Eu sento e escrevo-te novamente.
Sei o que sentes, o mesmo invadiu-me.
Me bate e me arde, me consome com fome.
Inútil tentar esquecer o teu nome, tuas peças e cheiros.

Vontade efêmera, não meus dilemas, não os meus "mas".
Não ao poeta que é o que me resta, não a bebida que cura as feridas.
Um gole pra vida, talvez traga paz, não é isso o que eu quero?
Que diabos! Quero guerra, quero fervor...  Quero nada não senhor...

Álisson Bonsuet.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Filofagía

Eis aqui a poesia,
mãe dos meus filhos,
amor dos meus versos.

Instigante 'filofagía'
Companheira de boemia,
cigarro que não se apaga.

O que eu temo é a anarquia.
Destruir tudo o que sinto,
não dói nem cura nada.

É o tempo que escreve a magia.
Deixando tudo mais lindo,
Sem deixar de ser minha tara.

Então me agarra, me escreve, não para.
Nos voa em viagens, nos come em passagens.
Até a morte gozar-nos, até a vida deixar-nos.

Álisson Bonsuet.